sábado, 5 de maio de 2012

Despertar


Ele tomou consciência ainda de olhos fechados, e se perguntou onde estava. Abriu os olhos e viu o céu azul e algumas árvores, muitas delas. Ainda deitado tentou lembrar o que havia acontecido e nada lhe vinha à mente. Sentou-se sem conseguir se lembrar porque estava com essas roupas empoeiradas. Ele sabia o que estava vestindo: botas com esporas prateadas, calças surradas uma camisa branca aberta e uma jaqueta velha por cima. Ao seu lado um chapéu lhe pareceu estranhamente familiar, e ele decidiu chamar de seu. Com cuidado colocou o chapéu na cabeça e viu que cabia perfeitamente, percebeu que tinha cabelos bem longos e passando a mão no rosto notou um bigode e algumas rugas de velhice.  Quem era aquele homem que dava abrigo a essa alma confusa? 

Ainda sentado avistando o movimento do trânsito local e algumas estátuas na praça tentou lembrar-se do de alguma coisa, algum nome pelo qual pudesse ser reconhecido, um nome para usar como seu, já que não havia registro na memória de um. Decidiu em um intuito chamar-se de Connor, assim mesmo com 2 n’s, lhe parecia correto e nada dizia que não poderia ser esse mesmo seu nome.

Sentindo fome tentou lembrar onde morava e imaginou um lugar deserto e quente,  onde poderia fazer uma fogueira com galhos secos e assar a carne de algum coelho recém abatido com um tiro de espingarda. Como não tinha referência de sua terra natal nem de onde havia vindo decidiu tomar esse pensamento como lembrança e chamar essa terra de lar, e aparentemente a roupa que usava não iria desmentir essa lógica.

Com a cabeça latejando vasculhou os bolsos em busca de alguma pista e encontrou o que parecia ser notas de um dinheiro colorido com o qual estava estranhamente familiarizado, conseguiu contabilizar um valor total de 70 Reais, mas não sabia como tinha conseguido conhecimento sobre aquela moeda.

Continuou tateando o corpo e encontrou dois coldres de couro um de cada lado da cintura. Onde deveria haver armas havia apenas um desejo latente de segurá-las e poder atirar e com elas poder arrancar a resposta seja de quem fosse. Imaginou um bar antigo e uma mesa de poker, alguns caras vestidos como ele apontavam armas semelhantes às que ele deveria carregar nos coldres e lhe diziam coisas em uma língua que ele não parecia entender mas sabia que um dia fora capaz de se comunicar por ela.

Ele deixou esse pensamento em questão fluir e se deleitou com a cena que viria a seguir, onde ele se levantava e sacava suas armas atirando em todos os caras, tiros certeiros e mortais. Isso o deixou um pouco mais animado e com essa cena na cabeça decidiu levantar-se e buscar respostas para sua total falta de existência. Mas antes de tudo buscaria um café amargo e algo para comer. Isso lhe parecia estranhamento familiar.