Ele tomou consciência ainda de olhos fechados, e se perguntou onde
estava. Abriu os olhos e viu o céu azul e algumas árvores, muitas delas. Ainda
deitado tentou lembrar o que havia acontecido e nada lhe vinha à mente.
Sentou-se sem conseguir se lembrar porque estava com essas roupas empoeiradas.
Ele sabia o que estava vestindo: botas com esporas prateadas, calças surradas
uma camisa branca aberta e uma jaqueta velha por cima. Ao seu lado um chapéu
lhe pareceu estranhamente familiar, e ele decidiu chamar de seu. Com cuidado
colocou o chapéu na cabeça e viu que cabia perfeitamente, percebeu que tinha
cabelos bem longos e passando a mão no rosto notou um bigode e algumas rugas de
velhice. Quem era aquele homem que dava abrigo a essa alma confusa?
Ainda sentado avistando o movimento do trânsito local e algumas estátuas
na praça tentou lembrar-se do de alguma coisa, algum nome pelo qual pudesse ser
reconhecido, um nome para usar como seu, já que não havia registro na memória
de um. Decidiu em um intuito chamar-se de Connor, assim mesmo com 2 n’s, lhe
parecia correto e nada dizia que não poderia ser esse mesmo seu nome.
Sentindo fome tentou lembrar onde morava e imaginou um lugar deserto e
quente, onde poderia fazer uma fogueira
com galhos secos e assar a carne de algum coelho recém abatido com um tiro de
espingarda. Como não tinha referência de sua terra natal nem de onde havia
vindo decidiu tomar esse pensamento como lembrança e chamar essa terra de lar,
e aparentemente a roupa que usava não iria desmentir essa lógica.
Com a cabeça latejando vasculhou os bolsos em busca de alguma pista e encontrou
o que parecia ser notas de um dinheiro colorido com o qual estava estranhamente
familiarizado, conseguiu contabilizar um valor total de 70 Reais, mas não sabia
como tinha conseguido conhecimento sobre aquela moeda.
Continuou tateando o corpo e encontrou dois coldres de couro um de cada
lado da cintura. Onde deveria haver armas havia apenas um desejo latente de
segurá-las e poder atirar e com elas poder arrancar a resposta seja de quem
fosse. Imaginou um bar antigo e uma mesa de poker, alguns caras vestidos como
ele apontavam armas semelhantes às que ele deveria carregar nos coldres e lhe
diziam coisas em uma língua que ele não parecia entender mas sabia que um dia
fora capaz de se comunicar por ela.
Ele deixou esse pensamento em questão fluir e se deleitou com a cena que
viria a seguir, onde ele se levantava e sacava suas armas atirando em todos os
caras, tiros certeiros e mortais. Isso o deixou um pouco mais animado e com
essa cena na cabeça decidiu levantar-se e buscar respostas para sua total falta
de existência. Mas antes de tudo buscaria um café amargo e algo para comer. Isso
lhe parecia estranhamento familiar.