segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Noturnos

A noite no planeta Terra3 não é muito diferente das noites em qualquer outro planeta, até mesmo com os satélites naturais da Lua fazendo uma escadinha escalométrica de 4 pontos no céu, seguindo o astro maior.

Depois da famosa e famigerada Lua, que tem seu nome variante de acordo com cada região do planeta e que na verdade se chama Monkuu, está o mais velho dos seus "filhos" Kuunlapset, seguido pelos gêmeos Tinikuu e Pienekuu, e a caçula Helena (ninguém realmente sabe o porquê desse nome)

Do planeta sempre se vê os 5 pontos no céu, algumas vezes estão em linha reta do maior para o menor e outras vezes estão bagunçados e desordenados, mas na maioria das vezes ninguém realmente se importa em olhar. Principalmente no grande deserto do Reino Unido.

É de total conhecimento dos habitantes do grande deserto que o grande deserto é realmente deserto, além de ser grande, e que não se pode fazer nada para mudar isso. Também é de conhecimento de todos que a noite no deserto é sempre fria, todos sabem disso, menos um casal forasteiro que decidiu perambular por aquelas terras sem ter o menor conhecimento de onde estavam.

Enquanto Aramis e Edgar congelavam nas areias, a Lua e suas crias pareciam esboçar um sorriso de deboche no céu estrelado, o que fez com que os dois forasteiros la embaixo ficassem realmente intrigados e talvez irritados com aquele lugar. Andavam com passos lentos agarrados nos braços e tremendo, tremiam tanto que eram capazes de produzir calor em atrito com o ar, se o ar não fosse tão frio. Estava invariavelmente tão frio que eles chegaram a pensar porque diabos ali era um deserto e não uma geleira, mas decidiram não expressar verbalmente esse sentimento mútuo com medo de que o planeta caisse na real e se lembrasse de fazer nevar naquele lugar.

A pior parte é que eles não sabiam que as noites em Terra3 eram 53,14% mais longas do que as noites em seu planeta no plano superior, e que isso poderia complicar bastante a noite deles. Resolveram então acender uma fogueira e acampar naquele lugar, mas descobriram que o deserto é realmente deserto e desprovido de material qualquer para fazer algum tipo de labareda. Desolados, sentaram-se um de costas para o outro e resolveram que ali ficariam até morrerem ou até o dia nascer. Sentados, adormeceram em um sono profundo e frio, e tiveram lindos sonhos com o inverno no Alaska.

A Sorte é uma variável difícil de se calcular, alguns matemáticos microversianos acreditam que ela sempre aumenta quando se está perto da morte, quase sempre com o intúito de salvar a própria vida, e foi exatamente por pura sorte que, em um deserto tão grotescamente grande e frio, Edgar e Aramis resolveram sentar bem próximo ao ponto onde, mais tarde, passariam alguns viajantes vindos de algum outro ponto do deserto.

Estariam salvos em alguns minutos, se não fosse pela sorte dos viajantes de serem todos cegos.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Perdido...

(Por Nathaniel Bascus)


Depois de uma semana no escuro é que a gente começa a sentir falta da luz... eu já deveria estar acostumado com a escuridão, porque passo a maior parte do tempo transitando entre os planos, mas nessas ocasiões eu sempre sei que verei a luz novamente, o que não é o caso agora...
Outra coisa que faz muita falta é da certeza de que estou vivo... até que é legal morrer, e das 3 vezes que isso aconteceu foi até divertido... bom...

Aqui no Microverso poucas coisas são realmente assustadoras de verdade, na maior parte do tempo eu estou mesmo transitando entre os planos (acho que estou me repetindo) e não entendo muito de viagens intergaláticas, nunca realmente saí do perímetro da Terra... mas eu não pude recusar esse trabalho, era muita grana mas eu não sabia que eu viajaria pra tão longe...

Como o universo é grande e escuro... e frio... como é frio... é assustadoramente frio...

Darkhan assegurou que a viagem não duraria mais de 3 meses, mas também não disse muita coisa além disso. Taí, a parte legal desse trabalho foi conseguir falar com Darkhan de novo, senti falta desse puto... o difícil foi convencer ele a vir para o Microverso comigo, mas depois de algumas garrafas de Tequila Ultramex ele aceitou numa boa... até deixei ele ganhar uma ou outra cartada de poker... mas enfim...

Só sinto falta mesmo da....

- Ei Nathaniel, seria aquele planeta ali?
- Acho que é esse mesmo, meu camarada... vou acordar o Bucky Bill Johnes.