sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Rose Ann Rott


(Relatado por Nathaniel Bascus)




Conheci Rose Ann por intermédio de um grande amigo que na época jogava poker comigo uma vez por semana, o cara era genial. Mas a história dele eu contarei depois. Só preciso dizer que na época queriamos montar um grupo de aviadores para cruzar os perímetros de Logha Nettar sem sermos confundidos com os Esmares Perdidos que costumavam voar por aquelas bandas.

Darkhan me apresentou Rose Ann por uma teleconferência depois de uma noitada no bar Scarpk, eu não dei muita atenção à garota de cabelos rosado e bonitinho, em parte porque estava bebado, em parte porque ela não me pareceu grande coisa, mas Darkhan me assegurou que ela seria perfeita para liderar o grupo.

A ideia do grupo de aviadores nunca seguiu em frente e acabamos esquecendo a iniciativa, assim como esquecemos as noitadas de poker, cada um seguiu seu caminho, Darkhan tornou-se instrutor de Vôo e eu segui com minha carreira de Mensageiro.

Alguns anos depois descobri, entre minhas gavetas de aparelhagens velhas, um antigo telecomunicador com uma última chamada gravada nele, resolvi ligar apenas por curiosidade e me surpreendi ao ver uma tonalidade de rosa que ha muito não via.

Rose Ann estava lá, com uma expressão doce e interrogativa à minha reação de surpesa. Resolvi, depois de algum tempo, falar alguma coisa, mas nada me pareceu muito interessante depois que saiu da minha boca. Ela riu, um daqueles sorrisos acolhedores que raramente se vê nessas redondezas e respondeu minha pergunta: "vou bem... e você?"

(...)

Ultimamente tenho visto Rose Ann sempre que posso, quando tenho alguma entrega perto do quadrante onde ela estuda a cultura do povo Esmar. Sempre tomamos algo e conversamos despreocupadamente em uma lanchonete perto do núcleo educativo que ela frequenta.

Essa amizade que se desenvolveu em tão pouco tempo parece ser bem improvável, duas pesosas diferentes, com costumes diferentes, tecnicamente não conseguem se entender tão bem. Mas essa é uma das características dessa garota, quebrar todo e qualquer paradigma que eu tenho formado sobre o mundo e sobre o universo. Certamente essa amizade vai durar um bom tempo. Assim espero.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Na mesa do bar...

(Relatado por Bucky Bill Johnes)

(...) eu vou logo contar o que aconteceu de interessante naquele dia, o resto foi besteira.

Uma garota, Ritta Mae, sempre faz esse tipo de coisa no meu bar.

Naquele dia em questão ela entrou mancando da perna direita, sentou na ponta do balcão, como sempre faz, pediu o de sempre e ficou se abanando com o chapéu de cawboy que herdara do pai. Servi a ela 4 doses de tequila, ela tomou três e usou a última dose pra desinfectar o ferimento.

Ficou olhando os homens no poker com aquela cara sardenta e os cabelos vermelhos voando a cada movimento do chapéu, abriu 3 botões da camisa deixando praticamente tudo à mostra, se despiu das armas que carregava e deixou no balcão.

Os homens daqui pouco dão atenção à ela, sabem que é perigosa e a fama de Viuva Negra assusta até quem não a conhece, mas nesse dia Ritta estava arrasando com seu decote improvisado e ainda que estivesse mancando andava com sensualidade.

Ela andou um pouco pelo bar, olhando um e outro com aquele ar sedutor, eu já havia visto isso inumeras vezes, era realmente tentador, se eu não tivesse sido castrado na Guerra Macroversiana eu até me excitaria bastante...

O forateiro, não vou lembrar o nome agora, que estava sentado ali no canto, perto do piano, parecia estar apreciando o espetáculo, ele repousou sua bengala preta na mesa, tirou as luvas brancas e a cartola longa e foi para o piano. Sem que ninguém desse permissão ele começou a tocar uma música animada mas com um ar provocador que se misturou ao cheiro da fumaça e ao perfume de Ritta.

O resto você já deve imaginar, ela se despiu lentamente, ele fez o mesmo ainda enquanto tocava piano, eles usaram o bar inteiro, e agora eu vou ter que limpar tudo...

Os outros caras no bar? Como morreram? eu não sei... eu sempre saio pra comprar bebidas e deixo ela tomando conta do bar... sei que não é muito seguro, mas.. o que eu posso fazer? Quem te contaria essa história se eu tivesse ficado?

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Tantaricomilco

(Poema escrito por Dakhalu Mendes)

[Dakhalu discorre em poesia sobre o dia em que chegou de viagem à terra dos Esmares Perdidos, famosos por seu artesanato e seu bom gosto, literalmente]

Sentei-me antes que o sol fosse se deitar
Te vi, ao longe, silhueta fina e bela
Pendurada pelos pés na corda Esmar
Eu mirando com meu rifle da janela

Dos cabelos escorrendo sangue ia
Na tijela que o colhe quase seco
O café de anteontem quase esfria
Foi passado pelo filho teu, Menêco

Do teu filho fiz a torta semanal
E a cabeça agora orna meu jardim
Da minha boca aquele berro gutural
Satisfação fez o dia vir ao fim

Já na cama ouço a voz, o teu sinal
Teu odor quase me banha de prazer
Já é noite, já no fim no dia tal
E amanhã eu não sei o que fazer.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Em Casa...

(Começando uma nova série ambientada em uma crônica escrita por mim mesmo chamada de "Criação")

Relatado por Santiago Martinez

Aquele sentimento de estar em casa finalmente me bateu na alma assim que pisei no carpete escrito bem vindo que minha esposa comprara pra celebrar minha primeira visita depois de 4 anos no Exército Sulista Ambulante. Depois de 45 anos de serviço finalmente voltei para casa e ficaria aqui pra sempre.

Antes de entrar verifiquei a caixa de correio, nada. Segui para a porta, entrei em casa e senti o cheiro de café fresquinho. Na cozinha Susana estava sentada à mesa com seus livros de ficção científica do Continente Antigo, e minha esposa Maria passava um café para elas.

Sentei-me, acendi um cigarro matuto e tirei minha botas ainda sujas se sangue seco. Alguns minutos depois um carro parou em frente à minha casa, pela janela via-se um grande furgão preto com emblemas do ESA. Maria andou sem pressa para à porta, limpando as mãos no avental, Susana ajeitou o óculos no rosto e ficou encarando a porta.

Um funcionario do governo, muito bem vestido e educado, entregou uma carta à Maria, mas minha mulher não consegueria ler qualquer notícia ruim sobre a Guerra Entre as Divindades, então o oficial se prontificou em ler, muito gentil da parte dele.

Como eu não queria ver o que tinham escrito sobre mim subi e tomei um banho enquanto ouvia os gritos e choros do andar de baixo, era de cortar o coração, mas como eu já havia perdido o meu não me importei muito.

Levou quase 200 anos para que eu retomasse minha forma física inteiramente, malditos Necromantes Celtas. Nesse tempo minha família já havia sido extinta, Susana me deu três netos homens mas nenhum deles conseguiu seguir com a estirpe. João morreu na Terceira Grande Guerra, Alberto morreu na Cadeia de Arthanunes e Damião não podia gerar filhos, pobrezinho.

Acho que foi por isso que resolvi me matar e terminar com essa maldição celta de ser eterno, chato pra caralho...
só não sei se vai funcionar... mas nessa altura da minha terceira vida, depois de já ter perdido 2 famílias, pra mim tanto faz...